É... Meu cérebro não entende isso. Mas tudo bem. Eu posso ser deixado em qualquer lugar e logo me acostumo com a situação. Eu só não quero ser esfaqueado ou nada do tipo. Sério, meu agente me perguntou "Você tem algum problema com isso? Vai dar tudo certo?" e eu disse "Eu só não quero levar um tiro ou ser esfaquead. Não quero que alguém chege em mim com uma agulha infectada e eu pegue AIDS". Estes são meus únicos medos.
Eu sei. Sempre que eu vejo uma aglomeração eu penso nisso. E quando estou num avião fico pensando que a parte de baixo vai ficar arrastando no asfalto na hora de decolar.
Tudo acaba. Vivi o que era ser a manchete por alguns meses e daí, logo depois, ninguém estava nem aí. Isso ajuda. Ajuda quando você se acostuma com isso e sabe que ninguém liga. Uma vez que você se imuniza ao fracasso é como se nada mais importasse.
É. Eu não queria fazer um filme adolescente estúpido. Eu não fiz nada que as pessoas tenham visto desde Harry Potter porque eu queria aprender a atuar. Não queria ser um idiota. E isso aconteceu meio aleatoriamente. Eu não sabia onde estava me metendo no começo. Eu estava querendo esperar mais um ano fazendo mais uns dois ou três trabalhos menores e só então tentar algo maior e daí isso tudo aconteceu e eu pensei "Bom, vamos lá".
Eu tinha feito um outro filme que foi muito intenso e saí mais satisfeito do que qualquer outro trabalho anterior. Não sei como ficou ou qual o resultado que isso trouxe, mas eu saí muito melhor e queria repetir isso em Crepúsculo e também tentar quebrar o tabu de que uma adaptação de um livro que está vendendo um monte não é boa. Até uma criança de seis anos sabe esses filmes são feitos para ganhar dinheiro - e eu não queria me envolver em algo assim. Pensei que Catherine [Hardwicke] e Kristen [Stewart] concordariam comigo. E elas têm reputações a zelar, muito mais do que eu.
Então, tudo o que eu fiz foi me certificar que assim que as pessoas chegassem a Portland eu teria de saber tudo sobre tudo. Eu não falava outro assunto que não acrescentasse nada ao personagem no último mês e meio antes da filmagem. E isso empolgou as outras pessoas. Quando as pessoas lêem o livro, vêem que é algo fácil de ler e daí fica com aquela sensação de "lá vem outro filme feliz". E eu segurando o livro e pensando "Não! Isso vai ganhar uns Oscars!' [risos]
Na verdade, não. Foi mais difícil quandoas pessoas me pediam para fazê-lo mais leve. Ao mesmo tempo que penso que o meu jeito funcionaria e tudo o que estava diferente do livro, quando ele tem suas tiradas, ele é um cara confiante e que não liga para garotas. Se você está escrevendo sobre o cara perfeito, você não diria que ele é um esquisitão maníaco depressivo que quer se matar o tempo todo. Por isso passei um tempo brigando com os produtores. Catherine me trouxe uma cópia do livro e mostrou todas as partes em que ele sorria e eu tive de concordar.
Mas no próximo livro o seu personagem tenta mesmo se matar, né?
Eu sei! Eu ficava falando "Então esperem até a seqüência."
Sim. Ela me deu quando já tínhamos filmado cerca de dois terços do total. Eu nem sabia que aquilo existia. Digo, eu já sabia do primeiro capítulo, que estava na Internet. Muito da angústia do personagem vem dali. Fala do pouco controle que ele tem. No livro, se vê isso quando ele diz "Eu sou um monstro e vou te matar" e ela responde "Eu não estou com medo". Você meio que sabe o tempo todo que ele nunca vai fazer algo mau. Mas daí você lê o primeiro capítulo do Midnight Sun, e vê o quanto ele quer matá-la e como ele considera matar o colégio todo apenas para satisfazer esse seu desejo. Eu queria que esse elemento fosse bastante proeminente nele. Eu queria a Bella dizendo "Eu não estou com medo. Você não vai fazer nada comigo", mas sem tanta certeza. Um diálogo desses acabaria ficando diferente. Algo como "Você não vai fazer nada comigo, vai?". Eu queria algo nesse tom. Acho que deixa tudo mais sexy se houver uma chance real dele simplesmente pirar e acabar matando-a.
Era muito estranho. Eu realmente tinha algo com a Kristen. Digo, todas as cenas são bem intensas e quando você está trabalhando com uma pessoa por quase todo o tempo, especialmente interpretando um relacionamento, é como uma pequena bolha. Mas com a família, eles são pessoas muito divertidas e nós nos demos bem. Não era atuação. Só a parte do sotaque americano. Peter [Facinelli] é um dos caras mais divertidos que eu já conheci.